Bebi quatro copos de vinho maduro
Cortei uma lágrima em quatro partes
Escorreu o segredo em fios de sangue
Que manchou o silêncio no negro da alma
Mastiguei quatro manhãs com sabor a luz
Desnudei o céu do azul e entreguei-me ao mar
Cruzando oceanos de braços abertos de sentidos
Enterrei quatro letras na terra e reguei com água do rio
O meu nome é glaciar do teu olhar
Cristal à beira de quebrar na ausência dos lábios
Rasguei quatro notas de música
Soltou-se o som dos dedos e aninhou-se no peito
Que sorveste com a boca fria do corpo da lua
Encomendei quatro longos poemas
De mastros fortes para ancorar na saudade
Velas brancas a enrolar corpos molhados de desejo
Bebi quatro copos de vinho maduro
Encorpado de sonhos e do aroma fresco da noite
Na taça do teu corpo onde me encontro e embriago
Vanda Paz, enóloga y poeta portuguesa contemporánea
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